
O Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado todos os anos em 5 de junho, é mais do que uma data simbólica: é um chamado global à ação diante da crescente emergência climática. Em 2025, a campanha liderada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) tem como tema “Combater a Poluição Plástica”, mas também destaca a importância da justiça climática, a proteção da biodiversidade, o combate ao desmatamento e a urgência da transição ecológica justa.
Na Semana do Meio Ambiente Ideias 2025, convidamos você a refletir sobre o tema. Ao logo da semana você vai conferir em nosso site e redes sociais, conteúdos que abordam a importância da sensibilização e engajamento de comunidades, empresas e governos. Além disso, realizaremos campanhas internas e externas em prol desta causa.
Um planeta em alerta
A luta contra a poluição plástica é um dos maiores desafios ambientais do século XXI, afetando ecossistemas marinhos, a saúde humana e a biodiversidade global.
Atualmente, mais de 430 milhões de toneladas de plástico são produzidas todos os anos no mundo. Desse total, cerca de dois terços são descartados após um único uso, segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
Além disso, estima-se que entre 19 e 23 milhões de toneladas de plástico vazem para os ecossistemas aquáticos todos os anos. Isso equivale a um caminhão de lixo cheio de plástico despejado no oceano a cada minuto.
Oceanos sufocados por plástico
Os oceanos estão entre os ambientes mais impactados. Segundo a UNESCO, mais de 1 milhão de aves marinhas e 100 mil mamíferos marinhos morrem todos os anos por ingestão ou emaranhamento em resíduos plásticos.
Plásticos como sacolas, redes de pesca, microplásticos e garrafas afetam diretamente a cadeia alimentar marinha, com consequências que já atingem a saúde humana. Estudos recentes detectaram microplásticos no sangue humano, na placenta e até em tecidos pulmonares, evidenciando o alcance desse problema.
Em 2025, o tema global traz uma mensagem clara: não há mais tempo a perder. A proposta é incentivar ações concretas para reduzir a produção de plástico de uso único, promover a economia circular e incentivar alternativas sustentáveis.
Diversos países estão adotando políticas de banimento de plásticos descartáveis, e empresas vêm investindo em inovação com materiais biodegradáveis. Porém, a mudança mais poderosa parte das escolhas do consumidor.
O que você pode fazer?
É possível fazer a diferença com atitudes simples, como:
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Substituir sacolas plásticas por reutilizáveis;
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Evitar copos e talheres descartáveis;
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Optar por produtos com embalagens recicláveis ou biodegradáveis;
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Participar de mutirões de limpeza e campanhas de conscientização.A
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Além disso, apoiar projetos de lei e políticas públicas contra a poluição plástica é fundamental para promover mudanças em larga escala.
O cenário da reciclagem de plásticos no Brasil
A gestão de resíduos é um dos maiores desafios ambientais do país, e as cooperativas de catadores desempenham um papel essencial nesse processo. Ao abordar a reciclagem do plástico no Brasil, é impossível ignorar o trabalho desses profissionais, que enfrentam precariedade estrutural, baixa valorização e desafios operacionais, mas seguem sendo pilares da economia circular brasileira.
Segundo o estudo mais recente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST) e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA):
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O Brasil produz cerca de 11,3 milhões de toneladas de resíduos plásticos por ano;
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Apenas 145 mil toneladas são recicladas por meio da reciclagem mecânica pós-consumo, o que representa apenas 1,28% de reaproveitamento total;
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A maior parte do plástico é destinada a aterros, lixões ou descartada irregularmente no meio ambiente.
As cooperativas: protagonistas invisíveis da reciclagem
As cooperativas de catadores são responsáveis por aproximadamente 90% de tudo que é reciclado no Brasil, de acordo com dados do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR). Ainda assim, a maioria delas opera em condições precárias:
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Apenas 37% das cooperativas têm acesso a equipamentos adequados para triagem e prensagem;
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Muitas não recebem remuneração direta dos municípios pelo serviço ambiental prestado;
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A renda média mensal por catador ainda gira em torno de R$ 800 a R$ 1.200, variando conforme a região e a estrutura da organização.
Além disso, mais de 800 mil pessoas vivem da catação de materiais recicláveis no Brasil, sendo que muitas não estão formalizadas em cooperativas, o que limita o acesso a direitos básicos como previdência, saúde e infraestrutura de trabalho.
Iniciativas que fazem a diferença
Apesar dos desafios, várias iniciativas têm fortalecido a atuação das cooperativas:
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Parcerias com empresas como a Nestlé, Braskem e Unilever, que promovem logística reversa com inclusão social;
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Editais públicos e privados de fomento a equipamentos, formação técnica e organização administrativa;
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Plataformas como a Cataki e a Rede Cataforte, que aproximam cooperativas de consumidores e empresas interessadas em destinação correta de resíduos.
Caminhos para fortalecer a reciclagem no Brasil
De acordo com o relatório mais recente da Abrelpe (2023), o Brasil gera cerca de 11,3 milhões de toneladas de resíduos plásticos por ano. No entanto, apenas 4% desse volume é reciclado. A maior parte acaba em aterros, lixões ou no meio ambiente, contaminando solos, rios e mares.
Estudos da WWF Brasil indicam que 325 mil toneladas de plástico vazam anualmente no meio ambiente no país. Isso equivale a despejar cerca de 44 caminhões de lixo plástico por dia em locais inadequados.
Além disso, o Brasil é o 4º maior produtor de lixo plástico do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, China e Índia.
Para que a reciclagem do plástico avance de forma eficiente e justa, algumas ações são urgentes:
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Investimento público e privado em infraestrutura para cooperativas;
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Remuneração justa pelo serviço ambiental prestado;
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Campanhas de educação ambiental para engajar a população na separação correta dos resíduos;
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Políticas públicas de logística reversa obrigatória, com metas claras e fiscalização efetiva.
A reciclagem no Brasil só acontece porque milhares de catadoras e catadores estão todos os dias nas ruas e galpões, fazendo a triagem e reaproveitamento de materiais que o sistema formal não dá conta. Valorizá-los é fundamental para um futuro mais sustentável e socialmente justo.
Justiça Socioambiental
A Semana do Meio Ambiente 2025 marca um momento essencial para refletir sobre como as questões ecológicas estão diretamente ligadas às desigualdades sociais. O debate sobre justiça socioambiental ganha destaque como um caminho para garantir um planeta mais equilibrado — para todos e todas.
O que é justiça socioambiental?
A justiça socioambiental é o princípio que reconhece que os problemas ambientais não afetam todos de forma igual. Comunidades de baixa renda, povos indígenas, populações negras e ribeirinhas geralmente são as mais impactadas pela degradação ambiental, apesar de serem as que menos contribuem para ela.
Esse conceito exige que políticas ambientais também considerem aspectos sociais, raciais e econômicos, promovendo igualdade de acesso aos recursos naturais, à terra, à água limpa e ao saneamento básico.
Dados que revelam a desigualdade ambiental
Segundo o Relatório Global de Desigualdade Ambiental do PNUMA (2024):
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As 10% pessoas mais ricas do mundo são responsáveis por quase 50% das emissões globais de carbono;
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Já os 50% mais pobres contribuem com menos de 10% das emissões;
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Mesmo assim, são esses grupos mais vulneráveis que sofrem os piores impactos das mudanças climáticas, como enchentes, secas e deslizamentos.
Além disso, no Brasil, quase 35 milhões de pessoas vivem sem acesso à água potável, e mais de 100 milhões não têm acesso ao saneamento básico adequado (SNIS, 2023). Essas populações são também as mais expostas a resíduos tóxicos, poluição do ar e desastres ambientais agravados pelo desmatamento e pela expansão urbana desordenada.
Programas de reflorestamento, saneamento em periferias, justiça climática e transição energética justa são alguns dos pilares dessa nova abordagem.
O que você pode fazer?
Para promover a justiça socioambiental, é fundamental:
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Apoiar iniciativas de educação ambiental em comunidades vulneráveis;
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Participar de fóruns e audiências públicas sobre planejamento urbano e ambiental;
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Cobrar das autoridades políticas inclusivas e sustentáveis;
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Valorizar produtos da agricultura familiar e de comunidades tradicionais;
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Reduzir sua própria pegada ecológica, com escolhas mais conscientes.