O Ideias vem executando um projeto de desenvolvimento para a cafeicultura sustentável nos Açores, em Portugal. Açores é o único local na Europa que produz café mesmo que ainda de forma muito incipiente.
Os documentos existentes, que procuram resgatar a origem das plantas de café nos Açores indicam que entre os séculos XVIII e XIX os primeiros pés de cafés foram plantados na Ilha Terceira por Luis Vieira Barcellos da freguesia de São Bartolomeu no seu regresso do Brasil entre 1860 e 1870. Mesmo sem cuidados especiais muitos dos pés de cafés resistiram ao longo dos anos, e foram sendo utilizados pela população como espécies ornamentais e produtivas para o consumo próprio.
Em março de 2019 os consultores do Ideias realizaram uma primeira Missão aos Açores para a elaboração de um diagnóstico que objetivou avaliar os aspectos envolvidos na produção, no beneficiamento e na comercialização do café das Ilhas dos Açores e identificar lacunas e oportunidades com recomendações para o fortalecimento das operações dos cafeicultores e das suas organizações.
Em fevereiro de 2020 durante uma segunda Missão aos Açores foram realizadas agendas de trabalho com os representantes da cafeicultura local incluindo: i) os técnicos dos serviços de desenvolvimento agrário da Região; ii) os representantes da Associação dos Produtores Açorianos de Café, APAC; iii) os dirigentes da Região autônoma; e, iv) os cafeicultores locais. Essas agendas objetivaram estruturar um Plano de Ação do Projeto, através de processo participativo, para ajudar os cafeicultores do arquipélago dos Açores, as suas organizações e os atores envolvidos a desenvolver a cadeia de valor do cultivo de café.
Entre junho de 2020 a abril de 2021 foram elaboradas diversas ações de capacitação, assistência técnica, elaboração de projetos, orientações técnicas aos cafeicultores. Mas o principal resultado dos trabalhos foi o “Estudo de viabilidade técnica e econômica” da atividade de produção de café nos açores, que apresentou com dados minuciosos a viabilidade da produção sustentável de cafés especiais nas Ilhas do arquipélago dos Açores.
Com base no estudo que traçou metas para o alcance dos resultados o trabalho terá continuidade e em breve novos passos deverão ser dados no sentido de introduzir novas espécies mais competitivas, capacitar os produtores para o manejo adequado e equipar os interessados com maquinas e insumos mais apropriados ao cultivo do café.
A Associação dos Produtores Açorianos de Café (APAC) tem muito interesse no projeto, que agora precisa da aprovação do governo de Açores. A ideia é levar para Portugal, no primeiro semestre de 2023, seis espécies de café, já produzidas no Brasil, para fazerem parte de um experimento que deverá reunir parceiros locais para introduzir as novas espécies de forma monitorada e com bases científicas.
“O Brasil é uma sumidade em café. Vamos levar esse café para lá e introduzir uma nova cultura para gerar riquezas para as famílias açorianas. Não existia o café do Caparaó, agora existe. Nem café das montanhas. A ideia é criar o café dos Açores, é um projeto amplo, grande, que envolve toda a cadeia produtiva”, conclui Marcos Moulin, Engenheiro Agrônomo que está a frente do projeto.