Certificados de Energia Renovável, uma contribuição para o Pacto Global

Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) pactuados em nível global no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015, miram superar os desafios do desenvolvimento sustentável por meio de 17 objetivos ambiciosos e interconectados, sendo estes construídos sobre as bases dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio lançados no ano 2000. Em paralelo, as empresas foram chamadas para alinharem as suas estratégias operações a estes objetivos, nascendo assim a maior iniciativa de sustentabilidade corporativa do mundo, o Pacto Global.

Merece destaque que o uso da energia é a força motriz para o
desenvolvimento tecnológico, o crescimento industrial e a melhoria no padrão de vida de toda a população, além de ser um catalizador dos processos que causaram alterações determinantes nos processos produtivos e na estrutura social da nossa sociedade moderna. Assim, o processo de transição energética, que almeja a substituição de uma matriz energética baseada em combustíveis fósseis (como carvão, petróleo e gás) para uma outra baseada em fontes renováveis, está diretamente relacionado não apenas ao ODS 7 que almeja “garantir o acesso a fontes de energia fiáveis, sustentáveis e modernas para todos” mas possui uma ampla conexão com quase todos os outros ODS.

Afinal, não se trata apenas da simples diversificação da matriz. A transição energética também diz respeito à reflexão e à análise sobre os efeitos que o atual modelo de geração e consumo de energia trazem para o meio ambiente e para a sociedade.

Nesse contexto é necessário se trazer à tona duas tendências intimamente
relacionadas entre si e inerentes ao processo de transição energética: a eletrificação e a descarbonização. A eletrificação desponta como a principal ferramenta para reduzir as emissões de CO², e a geração de eletricidade a partir de uma matriz cada vez mais renovável é a chave para a descarbonização.

A grande questão é como garantir que a energia elétrica recebida pela rede elétrica é oriunda de fonte limpa e renovável, uma vez que o provedor/concessionária não diz nada sobre sua origem ou como foi gerada?

A resposta são os Certificados de Energia Renovável (RECs), que desempenham um papel importante na contabilidade, rastreamento e atribuição de propriedade à geração e uso de eletricidade renovável.

Os Certificados de Energia Renovável são o direito de propriedade sobre os atributos ambientais, sociais e outros não energéticos oriundos da geração de eletricidade renovável. Eles são emitidos quando um megawatt-hora (MWh) de eletricidade é gerado e entregue à rede elétrica a partir de um recurso de energia renovável. Neste contexto, a certificação atende a pelo menos 4 dos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS):

ODS 7 – Energia Limpa e Acessível
ODS 9 – Indústria, Inovação e Infraestrutura
ODS 12 – Consumo e Produção Sustentáveis
ODS 13 – Ação Contra a Mudança Global do Clima

Por fim, vale destacar que os RECs somente são acessíveis às empresas, apoiando-as no alcance dos seus objetivos por meio da garantia de acesso a fontes de energia mais limpas na rede nacional. Sem dúvida, uma importante contribuição às lideranças corporativas comprometidas e inovadoras, que de forma voluntária fazem parte do Pacto Global e que assumem a responsabilidade de contribuir com o alcance dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Autor: Vitor Romero, economista, com MBA em Gestão Empresarial e em Inteligência Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas e Executivo de Negócios Internacionais pela Universidade da Califórnia, Irvine/USA. Atua no setor de energia há mais de 17 anos no Brasil. Founder de startup de tecnologia limpa chamada CleanClic, cuja missão é fornecer fontes alternativas de energia a partir de fontes de energia limpas e renováveis no Brasil. Coordenador Estadual da ABSOLAR no Estado do Espírito Santo. Diretor no IDEIAS.