
A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), a ser realizada em Belém do Pará, representa um marco crucial na luta global contra a crise climática. Em um cenário onde 2024 foi registrado como o ano mais quente da história, com a temperatura média global ultrapassando pela primeira vez o limite de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, a urgência por ações efetivas nunca foi tão evidente.
Entre diversos temas, há grandes expectativas em discussões sobre:
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Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa
A centralidade das negociações estará na definição de metas mais ambiciosas para limitar o aquecimento global a 1,5 °C, conforme estabelecido no Acordo de Paris. A COP30 será o momento para revisar e atualizar as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) dos países, alinhando-as com as evidências científicas mais recentes.
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Financiamento Climático
Um dos pontos críticos será a operacionalização da “Rota de Baku a Belém”, que visa aumentar o financiamento climático para países em desenvolvimento, elevando-o dos atuais US$ 300 bilhões para US$ 1,3 trilhão anuais até 2035.
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Preservação das Florestas Tropicais
O Brasil pretende lançar o “Tropical Forest Forever Facility“, um fundo de US$ 125 bilhões para incentivar a conservação das florestas tropicais, com início previsto para 2026.
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Justiça Climática e Inclusão Social
A COP30 destacará a importância de integrar comunidades tradicionais, povos indígenas e populações vulneráveis nas decisões climáticas, reconhecendo seus direitos e saberes na construção de soluções sustentáveis.
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Transição Energética Justa
Discutir-se-á a necessidade de uma transição para fontes de energia renovável, garantindo que o processo seja equitativo e beneficie todas as camadas da sociedade, especialmente as mais afetadas pelas mudanças climáticas.
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Mercado Global de Carbono
A integração dos mercados de carbono será um tema complexo, buscando estabelecer regras claras para a comercialização de créditos de carbono entre países, promovendo a redução efetiva das emissões globais.
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Adaptação e Resiliência
Serão debatidas estratégias para fortalecer a capacidade dos países de se adaptarem aos impactos das mudanças climáticas, incluindo investimentos em infraestrutura resiliente e sistemas de alerta precoce.
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Combate à Desinformação Climática
A COP30 abordará a importância de combater a desinformação relacionada às mudanças climáticas, promovendo a integridade da informação e a educação ambiental como ferramentas essenciais para a ação climática eficaz.
Em 2024, o Brasil enfrentou inundações históricas no Rio Grande do Sul, resultando em cerca de 200 mortes e mais de 500 mil deslocados. Além disso, incêndios florestais devastaram mais de 29,7 milhões de hectares, afetando o Pantanal, o Cerrado e a Amazônia, com um aumento de 935% nos focos de incêndio em relação a 2023.
Além disso, apenas 22% dos municípios brasileiros estão preparados para enfrentar as mudanças climáticas, principalmente devido à falta de recursos e capacidade técnica adequados.
Como consequência, eventos extremos já causam prejuízos equivalentes a 1,3% do PIB nacional anualmente, afetando especialmente a infraestrutura de transporte e o fornecimento de energia no país.
Embora as questões climáticas tenham ganhado maior visibilidade, 34% dos brasileiros ainda desconhecem o que são mudanças climáticas e 51% não sabem como contribuir para mitigá-las.
Por isso, para combater esse cenário, o Brasil lançou, em parceria com a UNESCO e a ONU, a Iniciativa Global para Integridade da Informação sobre Mudanças do Clima.
O objetivo dessa iniciativa é fortalecer a pesquisa e combater a desinformação, promovendo maior clareza e responsabilidade no debate público sobre as mudanças climáticas.
Quais são os caminhos para superar esses desafios que ameaçam o futuro sustentável do país e do planeta?
Coletivamente:
Primeiramente, é essencial o fortalecimento das políticas públicas, para avançar na adaptação e mitigação climática, cumprindo o Código Florestal e investindo em infraestrutura resiliente.
Além disso, a educação e a conscientização precisam ser intensificadas por meio de campanhas educativas que ampliem o conhecimento público e incentivem a participação ativa da sociedade.
Por fim, a cooperação internacional deve ser fortalecida, com a COP30 servindo como plataforma para reforçar compromissos, promover transferência tecnológica e mobilizar recursos financeiros para países em desenvolvimento.
Individualmente, você também pode fazer a sua parte:
O consumo consciente é uma atitude importante, como reduzir o consumo de produtos de alto impacto ambiental e optar por fontes renováveis de energia.
Além disso, o engajamento cívico, participando de iniciativas locais, pressionando por políticas eficazes e disseminando informações corretas, fortalece a ação coletiva contra as mudanças climáticas.
Por último, a educação contínua é fundamental para buscar informações confiáveis e se atualizar, garantindo uma atuação mais efetiva, consciente e comprometida com o meio ambiente.
A COP30 representa, portanto, uma oportunidade única para o Brasil liderar a agenda climática global, demonstrando compromisso com a sustentabilidade e a justiça socioambiental.
Dessa forma, superar os desafios das mudanças climáticas exige uma ação coordenada entre governos, sociedade civil e indivíduos, com esforço coletivo e atitudes individuais conscientes.
Por que as COPs são tão importantes?
As Conferências das Partes (COPs) são os principais fóruns globais para decisões climáticas, desde a primeira edição, em 1995, até os compromissos rumo à COP30 no Brasil. Essas conferências desempenham papel crucial na governança ambiental internacional, consolidando-se como espaços indispensáveis de diálogo, negociação e ação multilateral para proteger o planeta.
Criação de acordos globais vinculantes
Primeiramente, as COPs permitem que países com interesses diversos cheguem a consensos que moldam o futuro climático do planeta de forma conjunta e eficaz.
Por exemplo, o Acordo de Paris, firmado na COP21 em 2015, estabeleceu o compromisso histórico de limitar o aquecimento global a 1,5 °C, um marco sem precedentes. Sem as COPs, pactos dessa magnitude simplesmente não teriam espaço para se concretizar, mostrando a importância desses encontros para avanços globais.
Pressão e transparência internacional
Além disso, as conferências funcionam como vitrines públicas, pressionando governos por cientistas, ONGs, povos indígenas, juventudes e movimentos sociais a assumirem compromissos climáticos mais ambiciosos.
Essa visibilidade global aumenta a responsabilização dos países, ao mesmo tempo em que dá voz a grupos historicamente marginalizados nos processos decisórios ambientais.
Alinhamento de políticas públicas e financiamentos climáticos
Outro aspecto importante é que as COPs discutem não apenas metas, mas também os meios para alcançá-las, como fundos internacionais e mecanismos de mercado de carbono.
Essas decisões influenciam diretamente a alocação de recursos para projetos de energia limpa, reflorestamento, adaptação climática e transição justa, impactando políticas públicas globalmente.
Fomento à inovação e cooperação tecnológica
Adicionalmente, as COPs são espaços essenciais para intercâmbio técnico e científico, nos quais cidades, empresas, universidades e governos compartilham experiências e soluções inovadoras.
Como resultado, tecnologias sustentáveis, incluindo energias renováveis, sistemas agroecológicos e ferramentas de monitoramento climático, são disseminadas com mais rapidez, acelerando a ação climática mundial.
Como as COPs mudam o mundo?
Embora os avanços não sejam lineares ou imediatos, as COPs geram transformações concretas, como legislações sobre neutralidade de carbono, metas contra desmatamento e pressão por justiça climática.
Cada edição fortalece o papel da ciência climática como base para decisões políticas, o que é fundamental diante da crescente desinformação e do negacionismo climático.
No nível local, impactos são claros: governos e sociedades civis desenvolveram planos climáticos inspirados pelas metas globais discutidas nas COPs, promovendo ações em múltiplas escalas.
Esse efeito cascata, onde o global influencia o local e vice-versa, revela a força do processo de mobilização climática simultânea em diferentes níveis.
De fato, as COPs não são perfeitas; enfrentam lentidão, disputas políticas e interesses econômicos conflitantes, porém sem elas a luta climática seria muito mais fragmentada e desigual.
Portanto, as Conferências do Clima permanecem os principais espaços de esperança, pressão e ação coletiva diante do maior desafio do nosso século.
Por fim, apesar das diferenças entre países e prioridades, as COPs demonstram que o mundo pode se unir para garantir um planeta justo, habitável e sustentável para as gerações futuras.