A Força do Agronegócio Brasileiro

Atualmente está em grande evidência o movimento ESG que significa, pensar na sustentabilidade dos negócios considerando os aspectos: social, ambiental e de governança. E os conceitos da agenda ESG vêm ganhando cada vez mais espaço em importantes setores da economia global e não muito diferente nos setores da economia do Brasil.

O Agronegócio é um desses setores com destaque na economia brasileira e o desafio é como incorporar as práticas ESG nas rotinas do campo. Algumas práticas podem ser adotadas como, por exemplo, no social: a criação de empregos e oportunidades de trabalho mais inclusivas e flexíveis, assegurando o cumprimento das leis trabalhistas e respeito aos direitos humanos; a responsabilização de grandes empreendedores com a gestão sustentável de toda cadeia de valor. Esta abordagem de controle, comunicação eficiente e impulsionamento de boas práticas na cadeia de valor, vêm ganhando notoriedade e importância cada vez maior.

No aspecto ambiental, é fundamental a adoção e uso de conceitos de agrícolas de preservação, conservação, reutilização e proteção dos recursos naturais, solo, água e biodiversidade. É imprescindível o cumprimento às normas e regulamentos quando na utilização de defensivos agrícolas, fertilizantes, máquinas, equipamentos e, especialmente, o destino de subprodutos e resíduos incorporando-os ao processo produtivo.

Em governança, que é a base de todas as iniciativas, destacam-se os conceitos de transparência e ética. É por meio deste aspecto que se determinam padrões e políticas que serão adotados na empresa. Quanto mais transparente e forte forem seus valores, normas e procedimentos, mais forte também será a cultura pelo desenvolvimento sustentável do seu negócio.

O agronegócio no Brasil é um setor que se fortalece a cada dia. Hoje, é um dos setores mais rentáveis para investir. Deixamos de ser importadores e nos transformamos em proeminentes exportadores de commodities agrícolas. As tecnologias aplicadas ao campo fizeram a produtividade alcançar marcos impressionantes.

O Estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), no final da década de 1950, apontava a agricultura brasileira era rudimentar e pouco mecanizada. Apenas 2% das propriedades contavam com máquinas agrícolas. O cultivo em solos tropicais, como o cerrado, era desconhecido. A cultura da soja era apenas curiosidade e a produção pecuária tinha a menores produtividades do mundo.

As estratégias de investimento em pesquisa e as políticas públicas de crédito rural para o setor resultaram no contínuo recorde das safras de grãos. A produção de cereais, leguminosas e oleaginosas no Brasil na safra 1981/82 foi de 50,8 milhões de toneladas. Quatro décadas depois, a produção brasileira de grãos está estimada em 271,2 milhões de toneladas na safra 2021/22, segundo a CONAB.

O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea – Esalq/ USP) em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), calcularam que o PIB (Produto Interno Bruto) do agronegócio em 2021 alcançou a participação de 27,4%, no PIB total. “Esses números consideram conjuntamente as evoluções de volume e preços reais praticados no setor e englobam todo o agronegócio com sua gama imensa de oportunidades nos segmentos agrícola e pecuário, de insumos, agroindústria, agroserviços, entre outros”.

Ainda de acordo com o Cepea/USP, de janeiro a março de 2022, a população ocupada no agronegócio brasileiro aumentou 6,2% e chegou a 18,74 milhões de pessoas. É um incremento de mais de um milhão de trabalhadores em relação ao mesmo período de 2021. O grupo empregado no agro chega quase a 20% do total do Valor Bruto da Produção (VBP), que pode ser traduzido como o faturamento “da porteira pra dentro”, alcançando R$ 1,10 trilhão em 2020 e R$ 1,20 trilhão em 2021.

A estimativa, elaborada em dezembro último pela CNA, prevê mais um crescimento de 4,2% para 2022. Tais cifras polpudas ajudam a fazer do Brasil uma potência no comércio exterior e expressiva participação do mercado de trabalho no país.

Além das empresas e institutos (públicos e privados), de pesquisas, assistência técnica e extensão rural serem capazes de desenvolver e difundir tecnologias avançadas, está a capacidade do investidor, com o seu trabalho obter sucesso, através da apropriação das informações tecnológicas e de gestão existentes. O investidor tem que estar sempre inovando porque “nada há de permanente exceto a mudança”. Mas, o investimento tem que ser responsável incorporando as boas práticas ESG para ser sustentável.

Assim como Albert Einsten, podemos dizer que “O único lugar que sucesso vem antes de trabalho é no dicionário”.

Autor: Marcos Moulin Teixeira é Engenheiro Agrônomo, especialista em cafeicultura sustentável e consultor do Ideias.