Cadeia de Fornecedores: o avanço do Espírito Santo

Você já pensou no impacto que representa para uma empresa estampar inúmeras manchetes em diversas mídias e ter a sua reputação levada ao descrédito por denúncias de envolvimento com atividades laborais análogas à escravidão? Ou, o impacto de ser suspensa de feiras internacionais, missões comerciais e eventos promocionais que tanto alavancam o seu mercado?

Pois este é mais um caso prático de como a cadeia de fornecedores é um tema relevante para as corporações. Abundantemente falado nas últimas semanas, a situação desumana que foi exposta nas vinícolas Aurora, Cooperativa Garibaldi e Salton, na Serra Gaúcha, traz luz a um primordial risco para as empresas e um dos mais difíceis de serem gerenciados –  a reputação. Porém, expor as dificuldades, as más condutas e a responsabilidade compartilhada do tema é redundante.

Importante nesse momento é ressaltar que as soluções, embora complexas, dependem da quebra de paradigmas, da união entre várias forças e de atores comprometidos. A partir dos conceitos de desenvolvimento da cadeia de fornecedores, o Espírito Santo no cenário nacional há quase três décadas.

Antes da virada do milênio, havia um abismo quase intransponível para as pequenas indústrias locais fazerem parte da cadeia das grandes plantas industriais que aqui se instalavam e operavam.  Faltava qualidade, conhecimento e até de insumos, como peças e equipamentos adequados.

Porém, o incômodo das duas pontas dessa cadeia, das entidades representativas e da sociedade, viabilizou o “entendimento de que o crescimento das indústrias locais significava um aporte de cidadania e oportunidades de desenvolvimento social para milhares de habitantes” segundo palavras Renato Guerón, à época dirigente da Aracruz Celulose.

A virada veio com ações que promoveram a interligação entre empresas de tecnologia e instituições locais, o fortalecimento de consórcio entre fornecedores, implementação de programas de qualidade, gestão de custos e gerenciamento empresarial.  A estruturação de programas de desenvolvimento e qualificação trouxeram certificações, capacitação e conhecimento, hoje, internacionalmente reconhecidos.

O grande mentor dessa ação, o consultor Durval Vieira de Freitas, da DVF Educação Empresarial, aponta os três maiores benefícios para as empresas: “Promover a abertura de novos mercados, melhorar a competitividade e o fortalecer o associativismo”. No Espírito Santo, a participação local nos fornecimentos para as grandes empresas passou de 8% para 60% neste século e, atualmente, as empresas capixabas estão em todo território nacional e “são referência no que fazem”.

Dentre uma gama de qualificações que ocorrem hoje no estado e que transformam o ambiente de negócios, trazendo segurança, inovação e qualidade, estão temas relacionados à compliance, finanças, meio ambiente, tributos, leis do trabalho entre outros.

Os benefícios empresariais, econômicos e sociais desta trajetória de sucesso, são colhidos pela sociedade capixaba, que hoje exporta essa metodologia para outros estados e para o exterior.

Porém, atuamos em ambientes cada vez mais complexos e exigentes, onde não podemos esquecer que muito ainda precisa ser feito para alavancarmos e mostrarmos todo o potencial que o Espírito Santo possui.

Artigo: Luana Romero, Diretora Executiva do Ideias