A conscientização sobre as mudanças climáticas tem se tornado um tema cada vez mais relevante globalmente e no Brasil. De acordo com uma pesquisa divulgada em 2024 pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), 95,4% da população brasileira monitora que as mudanças climáticas estão ocorrendo, enquanto apenas 3,5% afirmam não ter conhecimento sobre o tema. Esse dado mostra um avanço na percepção pública, mas ainda há desafios para converter essa consciência em ações efetivas.

Impactos das Mudanças Climáticas

O aumento da temperatura média global já provocou diversos efeitos adversos, como:

  • Elevação do nível dos oceanos, ameaçando cidades litorâneas.
  • Eventos climáticos extremos, como ondas de calor, secas prolongadas e chuvas intensas.
  • Perda de biodiversidade, impactando ecossistemas e segurança alimentar.

No Brasil, a Amazônia e o Cerrado são ecossistemas altamente vulneráveis. Os relatórios indicam que 2023 registrou registros de temperatura e desmatamento, reforçando a urgência de políticas ambientais mais eficazes.

O Papel da Educação e Mobilização Social

Desde 2011, o Brasil celebra o Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas em 16 de março, um marco importante para incentivar debates e mobilizações. Além disso, as campanhas de conscientização têm destaque na importância de ações individuais e coletivas, como:

  • Redução do consumo de combustíveis fósseis.
  • Uso eficiente de energia e água.
  • Apoio a políticas de reflorestamento e energias renováveis.

Justiça Climática e Populações Vulneráveis

Os efeitos das mudanças climáticas não afetam todas as populações de forma igual. Comunidades indígenas, mulheres e pessoas em situação de pobreza são mais afetadas , pois possuem menos recursos para lidar com desastres ambientais. A justiça climática busca garantir que as políticas ambientais levem em conta essas desigualdades e promovam soluções inclusivas.

A conscientização sobre as mudanças climáticas é um passo fundamental para enfrentar a crise ambiental. No entanto, é essencial transformar esse conhecimento em ações concretas que reduzam os impactos negativos e promovam um futuro sustentável para todos.

Um estudo realizado pelo Centro Nacional de Monitoramento de Desastres (Cemaden) com dados de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mostrou que todas as cidades do país enfrentaram pelo menos um dia de temperatura máxima extrema. Os dados também revelam que, 111 cidades brasileiras enfrentaram mais de cinco meses, ou 150 dias não consecutivos, sob calor extremo, com temperaturas frequentemente superiores a 40°C.

A análise seguiu os seguintes critérios: Cálculo de um valor limite de temperatura para cada dia do ano; Análise dos dados diários da série histórica entre 2000 e 2024; Identificação de dias em 2024 que superaram os valores mais altos já registrados, caracterizando calor extremo; Aplicação do mesmo índice utilizado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

O ano de 2024 reforçou um alerta: temperaturas extremas não são eventos isolados, mas uma tendência crescente que exige atenção e ação. Veja detalhes:

  • O Brasil viveu a pior seca de sua história, especialmente no Norte, onde rios secaram e populações ficaram isoladas sem acesso a serviços básicos.
  • Mais de 30 milhões de hectares foram consumidos pelo fogo, área equivalente ao tamanho da Itália, com o desmatamento e a falta de umidade agravando a situação.
  • Houve um recorde de 6 milhões de casos de dengue, favorecidos pelo calor.
  • Pela primeira vez, especialistas identificaram uma região de clima árido no Brasil.
  • Estados mais afetados: Pará, Ceará, Tocantins, Minas Gerais, Alagoas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Maranhão.

Impacto regional do calor extremo

O calor não atingiu o país de maneira uniforme devido às diferenças climáticas e fatores regionais, como incêndios e desmatamento. A região mais afetada foi o Norte, que sofreu a seca mais intensa da história, com rios da Amazônia completamente secos.

  • Norte: O Pará foi o estado mais impactado, com 46 cidades enfrentando pelo menos 150 dias de calor extremo. O estado também sediará a COP 30, conferência mundial sobre o clima.
  • Nordeste: Enfrentou calor intenso, com dias consecutivos acima dos 40°C. No Ceará, um estudo da Funceme apontou um aumento de 1,8°C na temperatura média nos últimos 60 anos, superior à média global de 2024. Além disso, pesquisadores identificaram pela primeira vez uma área de clima árido na Bahia, com características semelhantes a desertos.
  • Sudeste: 13 cidades registraram mais de 150 dias de calor extremo. São Paulo bateu recordes de incêndios, o maior em mais de uma década. A tendência de aumento é clara: em 2022, apenas duas cidades enfrentaram mais de 100 dias de calor intenso; em 2023, foram sete; agora, quase o dobro.
  • Centro-Oeste: Nove cidades, principalmente em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, registraram calor extremo por mais de 150 dias. O Pantanal sofreu incêndios de proporções históricas, ameaçando o bioma.
  • Sul: A região teve menos cidades atingidas por 150 dias extremos devido às enchentes e chuvas acima da média. No entanto, mais de 160 cidades registraram ao menos 100 dias de calor intenso, com temperaturas próximas dos 40°C.

Fatores climáticos e regionais:

  • O El Niño intensificou o aquecimento e alterou o regime de chuvas, impactando mais fortemente o Norte.
  • Bloqueios atmosféricos no Centro-Sul reduziram a cobertura de nuvens, aumentando a exposição ao sol.
  • O desmatamento e as queimadas também elevaram as temperaturas locais.

O estado mais afetado foi o Pará, que registrou o maior número de focos de incêndio em um ano recorde de queimadas e lidera o índice de desmatamento da Amazônia. Apesar de uma redução de quase 50% nos índices em 2024, o desmatamento ainda persiste.

Impactos do calor na saúde pública:

As altas temperaturas representam um desafio crescente para a saúde pública, afetando diretamente a qualidade de vida da população e aumentando os riscos de doenças e mortes relacionadas ao calor extremo. O fenômeno do aquecimento global intensifica essas condições, tornando essencial o desenvolvimento de políticas de mitigação e adaptação para proteger a população.

Para a Diretora do Ideias, Luana Romero, “o calor extremo expõe desigualdades sociais:  populações mais pobres, indígenas e residentes de áreas com pouca infraestrutura são os mais afetados”, ressalta.

Em 2024, o Brasil registrou um recorde de 6,6 milhões de casos de dengue. O calor intenso acelera o ciclo de vida do mosquito transmissor, aumentando a proliferação da doença.

 

IDEIAS FORM: transformando dados em decisões sustentáveis

Plataforma de Inteligência Socioambiental com foco em Stakeholders e Indicadores.  

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