Na semana do Meio Ambiente, o Ideias foi referência em diversas pautas sobre o meio ambiente na mídia. Entre elas, uma entrevista exclusiva com a nossa diretora-executiva, Luana Romero, para o Jornal ESHOJE. Confira!

 

O plástico já está em nossos alimentos, na água e no ar. Como isso afeta diretamente a saúde humana?
Os microplásticos foram encontrados em órgãos humanos, placenta, leite materno e até na corrente sanguínea. Isso é extremamente preocupante, pois ainda não compreendemos totalmente os efeitos a longo prazo desses resíduos no organismo. No entanto, há evidências de que eles podem causar inflamações, alterar funções hormonais e aumentar os riscos de doenças metabólicas. Estamos literalmente ingerindo plástico, e isso precisa ser tratado como uma emergência de saúde pública.

2. Por que o plástico se tornou um problema tão urgente e difícil de combater globalmente?
O plástico se popularizou pela praticidade e baixo custo, mas seu uso desenfreado e descartável gerou uma crise ambiental silenciosa. Ele está presente em quase tudo, da embalagem de alimentos aos produtos de higiene. O grande problema é que ele demora centenas de anos para se decompor e, mesmo quando se fragmenta, continua impactando o meio ambiente na forma de microplásticos. Além disso, há interesses econômicos e logísticos que tornam difícil uma transição rápida para alternativas sustentáveis.

Sobre soluções práticas

3. Quais são os primeiros passos que uma pessoa comum pode dar para reduzir o uso de plástico no dia a dia?
Evitar plásticos de uso único, como copos, canudos, sacolas e talheres descartáveis, já é um grande passo. Usar ecobags, garrafinhas reutilizáveis e potes de vidro no lugar de embalagens descartáveis são atitudes simples que, somadas, causam impacto. Outra dica é observar os rótulos e preferir produtos sem microplásticos, como certos cosméticos.

4. O que é mais eficaz: reduzir o consumo, reciclar ou substituir o plástico por outros materiais?
O mais eficaz é reduzir. A reciclagem é importante, mas não dá conta de todo o volume de resíduos que produzimos, menos de 10% do plástico no Brasil é reciclado. Substituir é necessário, mas é preciso atenção para não trocar por materiais com impactos semelhantes. A prioridade deve ser repensar hábitos e reduzir ao máximo a produção de lixo.

5. É possível viver sem plástico? Ou a meta deve ser o uso consciente e responsável?
Hoje, é praticamente impossível viver totalmente sem plástico. Ele está em itens médicos, tecnológicos e até em roupas. Mas podemos, sim, viver com muito menos plástico. O foco deve ser o uso consciente, responsável e duradouro. Produtos descartáveis devem ser repensados e substituídos por alternativas reutilizáveis.

Sobre políticas públicas e responsabilidade corporativa

6. Como governos e empresas podem contribuir mais efetivamente para reduzir o uso de plástico?
Governos devem criar políticas públicas que incentivem a economia circular, proíbam plásticos de uso único e fortaleçam a coleta seletiva. Já as empresas precisam rever suas cadeias produtivas, investir em embalagens sustentáveis e em educação ambiental. A responsabilidade é compartilhada, mas os grandes emissores de resíduos têm um papel central na mudança.

7. Você acredita que as metas globais de redução do plástico são realistas?
Elas são ambiciosas, e precisam ser. Reduzir drasticamente a produção e o consumo de plástico é uma questão de sobrevivência planetária. Para que sejam realistas, é necessário compromisso político, engajamento empresarial e pressão da sociedade. É uma corrida contra o tempo, mas ainda possível.

Sobre o papel da sociedade civil

8. Como o Ideias atua para engajar a população na luta contra a poluição plástica?
O Ideias desenvolve projetos voltados à sustentabilidade e à educação ambiental. Atuamos com empresas, governos e comunidades na gestão de resíduos, promoção de práticas ESG e ações de conscientização. Durante a Semana do Meio Ambiente, por exemplo, realizamos palestras e dinâmicas educativas com foco em consumo consciente e poluição plástica, como a ação no Centro Educacional Primeiro Mundo, em Vitória. Vamos realizar hoje (04/06), para alunos da escola a palestra interativa “Missão Menos Plástico”. A ação une informação e brincadeira para conscientizar crianças sobre sustentabilidade.

9. Quais projetos ou campanhas vocês destacariam como exemplos de sucesso em mobilizar a comunidade?
Podemos destacar nossas ações em comunidades impactadas por grandes empreendimentos, onde promovemos não apenas a educação ambiental, mas também a inclusão produtiva por meio de cooperativas de reciclagem. Outro exemplo é o apoio técnico e de comunicação a empresas que implementam planos de redução de resíduos com participação ativa dos trabalhadores e da comunidade.

Sobre o futuro

10. Se nada for feito, o que podemos esperar em termos ambientais e sociais nas próximas décadas?
Estudos indicam que, até 2050, poderemos ter mais plástico do que peixes nos oceanos. A perda da biodiversidade marinha, contaminação de alimentos, agravamento da crise climática e aumento de doenças associadas à poluição são apenas algumas das consequências. Os impactos serão especialmente severos para populações vulneráveis, ampliando desigualdades sociais.

11. E se agirmos agora, o que ainda é possível evitar ou reverter?
Ainda há tempo para mudar o rumo. Podemos reduzir drasticamente a poluição plástica, proteger a vida marinha, melhorar a qualidade da água e do ar e construir uma economia mais justa e circular. Cada atitude conta, e a ação coletiva é o caminho mais eficaz. Precisamos agir hoje, por nós e pelas próximas gerações.

IDEIAS FORM: transformando dados em decisões sustentáveis

Plataforma de Inteligência Socioambiental com foco em Stakeholders e Indicadores.  

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