
De acordo com reportagem publicada pelo site ((o))eco, um estudo divulgado na Nature Communications revelou que aproximadamente 195 milhões de hectares no mundo podem ser restaurados por meio do reflorestamento sem impactos negativos à biodiversidade, ecossistemas sensíveis ou comunidades locais. Essa área equivale ao território do México ou à soma das superfícies dos estados do Amazonas e do Maranhão.
O Brasil se destaca como um dos países com maior potencial para a restauração, especialmente em áreas degradadas e bordas de vegetação da Mata Atlântica. Também aparecem como regiões promissoras a Colômbia, partes da Europa, o leste dos Estados Unidos e o oeste do Canadá.
Segundo o estudo, restaurar essas áreas permitiria remover até 2,2 bilhões de toneladas de CO₂ por ano, valor próximo ao das emissões anuais brasileiras estimadas pelo SEEG e pelo IEMA. A pesquisa refinou dados de 89 levantamentos anteriores para chegar a esse número.
Para Susan Cook-Patton, pesquisadora da ONG The Nature Conservancy e uma das autoras do estudo, plantar árvores não substitui a necessidade de reduzir emissões, mas é uma medida essencial para lidar com o carbono já acumulado na atmosfera. A Fundação Ellen MacArthur reforça que o reflorestamento deve ser visto como uma oportunidade para regenerar a natureza e integrar essa regeneração aos modelos de negócio.
Outro levantamento, publicado na Nature, aponta que o Brasil concentra cerca de 20% do potencial global de regeneração natural nas zonas tropicais, ao lado de países como Indonésia, México, Colômbia e China. Essa área representa mais de duas vezes o tamanho do estado do Mato Grosso.
No país, algumas iniciativas já estão em curso. O Planaveg (Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa) prevê restaurar 12 milhões de hectares até 2030, o equivalente a duas vezes a área do estado do Rio de Janeiro. O Pacto pela Restauração da Mata Atlântica já recuperou mais de 1 milhão de hectares com espécies nativas como jequitibá, pau-brasil e ipê.
Projetos locais também ganham destaque. No Rio de Janeiro, o Mutirão Reflorestamento já plantou 10 milhões de mudas em encostas degradadas. Na Amazônia, o governo destinou R$ 150 milhões para recuperar florestas em 137 terras indígenas, valorizando práticas tradicionais e espécies nativas.
Segundo a reportagem, com manejo adequado e foco em espécies nativas, áreas antes degradadas podem se transformar em florestas densas, gerando benefícios ambientais, sociais e econômicos.