No ritmo atual, apenas metade da produção necessária até 2030 será atingida e o planeta pode ultrapassar o limite seguro de aquecimento.
Enquanto líderes globais se reúnem em Belém (PA) para a COP30, o planeta segue distante da velocidade necessária para conter a crise climática. Um novo relatório apresentado pela ONU alerta: para limitar o aquecimento global a 1,5°C, seria preciso triplicar a produção mundial de energia renovável até 2030. Mas, no ritmo atual, o mundo deve alcançar apenas metade dessa meta.
O dado expõe o grande desafio da conferência: como acelerar uma transição energética que ainda avança devagar, apesar do crescimento recorde de investimentos em fontes solar e eólica. Especialistas alertam que, sem uma virada concreta, o planeta pode ultrapassar o limite seguro de aquecimento já na próxima década, o que significaria eventos climáticos extremos ainda mais intensos, elevação do nível do mar, perda acelerada da biodiversidade e impactos diretos na produção de alimentos e na segurança hídrica de milhões de pessoas.
Para Luana Romero, diretora-executiva do Instituto Ideias, a urgência climática exige uma transformação mais rápida e inclusiva: “Investir em energia limpa é proteger o futuro. É garantir um planeta mais seguro e justo para quem já sente as consequências do clima extremo. A transição para energias renováveis precisa ser rápida e democrática, com oportunidades para todos.”
O Brasil chega à COP30 com responsabilidade ampliada: abriga a maior floresta tropical do mundo e possui uma das matrizes energéticas mais limpas do planeta, mas o consumo de combustíveis fósseis ainda cresce, especialmente no setor de transportes.
Além da transição energética, outro tema central das negociações é o financiamento climático. Segundo estimativas da ONU, os países em desenvolvimento precisarão de cerca de US$ 2,4 trilhões por ano até 2030 para cumprir suas metas de descarbonização.
Para Luana, garantir que esses recursos realmente cheguem, é essencial para transformar compromissos em resultados reais: “Não basta anunciar números em conferências. É preciso garantir que o financiamento climático seja aplicado”, conclui.

