O Brasil está enfrentando, em 2025, uma das piores temporadas de incêndios florestais da última década. A combinação entre mudanças climáticas, desmatamento e negligência do poder público tem provocado colapsos ambientais simultâneos nos dois biomas mais sensíveis do país: a Amazônia e o Pantanal.

Mas o que está por trás das chamas? E por que a crise hídrica, os incêndios e os eventos climáticos extremos estão diretamente ligados ao modelo de desenvolvimento adotado no país? Para o Ideias, é impossível separar esses temas: o fogo que destrói a floresta também queima os direitos das comunidades, contamina a água e amplia as desigualdades ambientais.

Os dados alarmantes de 2025

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), apenas no primeiro semestre de 2025, foram registrados mais de 25 mil focos de incêndio na Amazônia, um aumento de 54% em relação ao mesmo período de 2024. No Pantanal, a situação é ainda mais grave: 65% da planície pantaneira já foi atingida por queimadas este ano, o maior índice desde 2020.

A seca extrema e prolongada, causada pelo agravamento do El Niño e por alterações na circulação de umidade na América do Sul, está afetando diretamente a recarga dos rios e aquíferos. O Rio Paraguai, por exemplo, que cruza o Pantanal, registra seu nível mais baixo em 122 anos, comprometendo o abastecimento de água em diversas cidades.

De acordo com o MapBiomas, o Brasil perdeu 1,2 milhão de hectares de vegetação nativa por fogo em 2024. Isso não apenas compromete a biodiversidade como afeta diretamente a saúde das populações locais: só na região Norte, foram mais de 11 mil internações por doenças respiratórias associadas à fumaça nos últimos 6 meses, segundo o Ministério da Saúde.

O fogo como sintoma de um sistema exausto

Embora os incêndios sejam frequentemente atribuídos à “ação humana” ou à estiagem, eles são na verdade o sintoma mais visível de um sistema socioambiental em colapso. O desmatamento desenfreado, a expansão agropecuária sobre áreas frágeis e o enfraquecimento dos órgãos de fiscalização estão na raiz do problema.

Em muitas regiões, o uso do fogo ainda é incentivado como técnica de limpeza de pastagem ou abertura de áreas agrícolas. Sem fiscalização e sem políticas públicas de apoio à produção sustentável, o fogo avança de forma incontrolável.

Além disso, a degradação ambiental afeta o ciclo das águas. Florestas e solos saudáveis são essenciais para manter a umidade, reter água e alimentar os rios. Quando se destrói a vegetação, o clima local muda, o solo empobrece e a crise hídrica se agrava — criando um ciclo vicioso entre fogo, seca e colapso ecológico.

Como atuamos

Diante desse cenário, o Ideias tem atuado em diferentes frentes para fortalecer as comunidades locais no enfrentamento aos impactos climáticos. Nosso trabalho inclui:

  • Educação ambiental e campanhas de prevenção às queimadas, com foco em populações rurais, indígenas e periféricas;

  • Defesa de políticas públicas que valorizem a economia da floresta em pé, oferecendo alternativas reais à pecuária extensiva e ao desmatamento.

Acreditamos que as soluções para os incêndios estão nos próprios territórios. Quando comunidades têm acesso à informação, recursos e tecnologias apropriadas, elas se tornam as maiores guardiãs da natureza e da água.

Com a COP30 se aproximando, o Brasil está no centro do debate climático internacional. No entanto, não basta sediar a conferência — é preciso apresentar ações concretas e ambiciosas de adaptação e mitigação.

Isso inclui:

  • Ampliar o financiamento climático para restauração e manejo comunitário de biomas;

  • Apoiar programas de pagamento por serviços ambientais com justiça redistributiva;

  • Criar sistemas de alerta e resposta rápida aos incêndios, com envolvimento das populações locais;

  • Integrar políticas de combate à crise hídrica, saneamento e segurança alimentar.

As chamas que hoje consomem florestas, animais e vidas humanas não são inevitáveis. Elas são resultado de escolhas — políticas, econômicas e sociais — que podem e devem ser transformadas.

O Ideias convida você a conhecer, apoiar e multiplicar iniciativas que unem ciência, participação social e justiça climática. Porque proteger os biomas brasileiros é também garantir o direito à vida, à água e ao futuro.

IDEIAS FORM: transformando dados em decisões sustentáveis

Plataforma de Inteligência Socioambiental com foco em Stakeholders e Indicadores.  

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